Porque um Blog?

Alguns amigos me perguntam sobre o que estou escrevendo no momento?
Escrevi durante algum tempo para o Jornal do Estado (Curitiba/Paraná), para alguns Jornais e Revistas Técnicos escrevia matérias tambem técnicas ( Seguro em Foco foi um deles).
Mas o que estou escrevendo no momento são crônicas, se é que posso rotula-las com este título!.
Na verdade um pouco de verdade e um pouco de fantasia sobre a verdade.
O Livro está praticamente pronto, daí: No Prelo!.

Vou postar aqui algumas dessas pequenas estórias e conto com a compreensão dos amigos, sobre meus erros e lapsos ( que não são poucos).

Bem sei que de boas intenções, está ladrilhada a estrada que leva ao inferno, contudo...Como quem está na chuva pretende se molhar.

Adoraria receber de algum amigo uma toalha bem felpuda.

Rodolpho.




terça-feira, 18 de agosto de 2009

31 PINA COLADA

Pina Colada

Ao final de uma tarde de sol (muito rara em Curitiba) é naturalmente natural que ecologicamente á pé, eu faça uma caminhada levando meu corpo sofrido até o Bar do Cassemiro ( já falei dele aqui mesmo) e então abasteço o meu espírito com doses homeopáticas de relaxantes musculares e desestressantes á base de cevada, cana de açúcar e outros ingredientes , muito embora manipulados pela espécie humana ( o que também não deixa de ser tambem naturalmente natural).

Como ia dizendo..., eu ia seguindo por aqueles caminhos antigos da rua Riachuelo, lojinhas de Árabes, Bazares, Relojoarias, Casa de Troféus, Babacarias etc, e atento ao movimento não me dei conta quando tropecei em uma daquelas pedras (paralelepípedos) que ladrilham a rua São Francisco e então tomei um supetão...não cheguei a rolar pelo chão, mas fiquei praticamente de joelhos no solo pátrio.

Ao recuperar e levantar-me fiquei surpreendido por me ver na esquina de uma rua desconhecida até então, e que fica bem ali mesmo...na mesma esquina da rua São Francisco com rua Riachuelo...coisa estranha pensei, uma bifurcação alí naquele local que eu nunca havia percebido.

Sabe quando nós quebramos um espelho e o vidro fica quebrado ?... e então temos a impressão de que a imagem fica num paralelo?..., quando nos deslocamos a imagem novamente se reenquadra?..., pois era bem isso mesmo, está rua fica num paralelo difícil de explicar, mas que existe , existe.

Eu fui entrando rua adentro., não muito diferente da São Francisco...outras lojinhas, troféus, loja de carimbos, restaurantes, mas uma portinha me chamou a atenção, tinha uma pequena vitrine com cortina vermelho xadres meio transparente e uma porta em madeira com um grande vidro emoldurando, e eu para poder enxergar o interior sem que o reflexo do sol obstruísse a visão coloquei as mãos no vidro e encostei minha cabeça pra frente pra ver melhor e então fiquei realmente surpreendido!

- Não acredito...é o Piccolo Americam Bar do meu amigo Giacomo?...igualzinho aquele que ele tinha em londrina nos anos 70?

Foi quando a porta se abriu e de dentro dela me saldou meu amigo Giacomo, com um grande sorriso e abraço e já me puxando para dentro.

- Grande amigo Rodolpho, até que enfim apareceu por aqui, pensei que não viria nunca me visitar!

-Giacomo?...é você Giacomo? – como pode ser?, você ?! Aqui neste lugar, e este bar? Eu não estou acreditando amigo, o que está acontecendo?

-Não está acontecendo nada amici mio, soli io mesmo, em carne e osso, ( me dava um abraço forte), entrate, vámo, tu é buona gente, bravo, éco, bravo! Entrate, vamo, vamo!

O Giacomo é um industrial italiano que viaja muito para outros países á trabalho, e então como não encontra um lugar decente para desestressar, acaba montando um barzinho nas cidades que tem que visitar mais frequentemente em inúmeros países pelo mundo afora, e todos com o mesmo nome: Piccolo, American Bar – uma graça de lugar.

Mal eu entrei no bar , de dentro do balcão me aparece a Luzia ( uma linda morena brasileira de Londrina que o Giácomo levou pra Roma e por lá ela ficou, nunca mais retornando) e de pronto ela gritou!

- Seu Rodolpho...que saudade, bom ver o Sr. por aqui...já vou preparar seu drink preferido, Giácomo, venha me ajudar pra que eu não esqueça nada!

- Va bene -disse ele- Io vou preparar especialmente, fique á vontade amici, seja bem vindo!

E assim eu fiquei por lá, verdadeiramente abestalhado com aquele lugar.

Haviam umas quatro mesinhas redondas com duas cadeiras cada uma, ornadas por pequena toalha de renda branco alvo e no centro de cada mesa um pequeno vasinho com um cacto ornado com pedrinhas brancas á volta.

Nas paredes alguns posters de cidades italianas, castelos medievais, coliseu, vaticano, jardins etc, e de dentro era possível ver o movimento da rua através da vitrine com os passantes atarefados na correria do dia a dia.

O balcão era pequeno e todo branco (também alvo), com quatro banquinhos redondos fixos com apoio para os pés em metal dourado desses de girar, e eu até sentei e girei um pouco para recordar os tempos passados.

Na parede de dentro do balcão os estojos onde ficavam as frutas em seus escaninhos específicos, bananas, maças, mamão, uvas, laranjas e depois a portinha também em vidro que dava para a área interna de serviços do bar e de fundo musical: Volllllare..ohhhh ohhhh, cantare...oh oh oh oh...

O Giácomo faz um drink muito interessante que leva sorvete de creme, morango e pistache, uma notinha de Rum Montilla e salada de frutas que é um espetáculo impar e vem com uma pequena sombrinha de madeira em papel de seda chinês com aqueles desenhos multicoloridos enfeitando tudo e pequeno pedaço de abacaxi e rodela de limão encravado em um espetinho para mexer a bebida, uma delícia!

- Taí – disse a Luzia retonando com a bebida – sua Pina Colada, do jeitinho que o senhor gosta, nem muito côco nem muito doce e duas gotinhas de angustura!

Confesso que tive até vontade de chorar quando vi aquele meu Drink, reluzente e charmoso numa taça impecável sob um porta copos também especial!

- Bravo Luzia, Bravo Giácomo – salute Amici – e já ia levar a taça a boca e beber quando a Luzia falou.

- Melhor o sr. lavar as mãos primeiro, afinal a gripe está á solta – já me apontando a porta do banheiro e lavatório.

Eu saltei imediatamente do meu banquinho e fui direto pro lavatório, pequena pia com uma torneira enorme, dessas de antigamente ( o Giácomo se não me engano me disse á muito tempo que furtava as torneiras de uma fonte antiga da cidade de Roma, para melhor enfeitar seus bares), e pendurada muito jeitosamente, uma toalhinha de mão bordada com o nome: "Piccolo" American Bar.

Lavei as mãos e depois o rosto, e me olhando no espelho ( em formato de gota de água), sorria feliz ante o momento inusitado de poder novamente provar meu drink favorito naquele lugar especial, e então abri a porta para voltar ao bar.

Mal abri a porta senti uma lufada de vento que me enregelou os ossos, e um tecido como cortina no meu rosto que tive que afastar para me dar passagem, quando então vi uma enfermeira gigante me segurando pelo ombros e dizendo.

- Calma seu Rodolpho... o senhor vai ficar bem, foi só um susto!

- Como só um susto?, como ficar bem? – Giácomo, Giácomo – eu gritei – Luzia, Luzia!

- Calma ( dizia a gigante ainda me segurando pelos ombros)...foi só um princípio de enfarte, mas já passou e seus parentes logo logo estão chegando aí!

- Que parentes que nada...cadê? cadê? ( mamamia ) gritava eu!

- Seus parentes já chegam...

- Não quero parente nenhum sua brutamontes , me solta, cadê minha Pina Colada?

E ela sem entender nécas de pitiribiba perguntava: Pina o que?

Pode?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

30 - Corpo de Baile 2 - Final da Laje.

Corpo de Baile 2 - Final da laje.

-Chicão....oh Chicão, bota pá drentu Chicão!

-Pó dexá queu!

-Beleleu, óia o bárde.

-Intão manda a água fi d'ua puta.

-Oh Zé do Brejo, tu ta contanu?, gá dos infer.

-Arre que já subiu 32!

-Pitú seu miséra, tu não tá trabaianu dereito não hóme, manda o bárde!

-Pois intão manda a água fi du’a égua, to divagá pruque distraí um denti, dói tanto qui to té inxergano meio truvo.

-Ixi que isso ta uma impidimia, onti ieu tumem distraí e num foi só um não foi é dois e um éra cisne!

-Ê, i ninguem ainda viu a marquita do Zóinho?

-Ninguém viu, sumiu a disgramada, acho que foi o divino qui levo pra casa dele por inganu!

-Aduvido seu Zé qui foi inganu, aquilo só pega no que é dele na hora de mijá!

-E oie lá.

Enfim a minha laje ia sendo enchida, e eu do meu pequeno escritório na parte da frente ia só ouvindo aqueles papos diferentes da equipe "profissionar" como fazia questão de frisar o seu Zé (o gato).

Em certo momento uma roldana pelo jeito escapou e então pararam para fazer reparos, bem no momento em que eu saia para dar uma olhada no andamento da obra.

- Coloca uma Talba aí!

- Só uma Talba achu qui num carece.

- Tá bom intão, vãmo ponhá duas Talba.

- Talba não, vamo ponhá um pedaço de balaustra.

- Não duas Talba é mió.

-Porque é que vocês ficam falando assim? – disse eu pouco sossegado com aquele diálogo de loucos.

-Di ãssim como?

-Talba pra lá , Talba pra cá, GENTE, falem correto: Tábua, Tábua é o correto.

- Talbua..., Talbua..., só pra cumpricá, tão te intão, vãmo colocá duas: Talbua mêmo.(falava isso zombando de mim claro)

Ainda eram 10 horas manhã, e pelo jeito aquele inferno ia durar o dia todo, a tal da Bitornera do seu Zé ficava naquele Chac Chac Chac Chac. Os homens gritando, a Bitornera Chac Chac Chac...meu deus se eu soubesse que seria assim eu também tinha ido pra casa da minha sogra, derrepente o barulho da Betoneira parou.

- Seu Zé achemo!

-Chemo o que? Diachu!

-A marquita do Zóinho!

-Don tava?

-Donde tava ieu num sei mais qui tá la drentu da Bitornera tá sim, e ela parô de funcioná! Acho qui ela tava dem drum sá de cimentu!

- Seu Zé...o seu Zé, cabô a água!

- Mais será o beniditu sô, mais essa agora?

-Sem água num dá pra trabaiá seu Zé, meu denti ta latejano hóme!

Eu do local que estava podia ver a mangueira da torneira do quintal escorrendo água por um ajuste mal feito e fiquei incucado com aquilo e então fui lá ver o que estava acontecendo.

- Como que está faltando água se está vazando água por todo lado, olhe lá a mangueira!

-Não é dessa não seu Dotô ( e me mostrando a garrafa pet de 2 litros vazia completou) – é dessa aqui!...da boa!

Minha laje ficou pronta lá pelas 10 da noite, tive que comprar umas Ponta de peito (muito apreciada por eles) lingüiça (com trema, embora tenho certeza eles nem saibam o que seja isso), pão, limão etc. assamos a tal de Ponta de peito e lingúiças na minha churrasqueira e quando minha esposa voltou nem acreditou no que viu.

Tava tudo cuzido (inclusive ieu), uma verdadeira Impidimia.

É...o ditado realmente está correto: Papagaio que anda com João de Barro, não duvide: Vira pedreiro.

Pode?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

29 Corpo de Baile 1

Corpo de Baile 1

-Tá cum tu ?

-Num tá!

-Tá cum tu?

-Num tá!

-Tá cum tu?

-Tá não!

-Diachu, cum quem qui tá intão? Quim dos infer!

Ele já tinha perdido bem uns quinze minutos procurando e perguntando para todos, e todos enfileirados no corredor comendo suas marmitas, tomando seus refrigerantes compartilhando aquelas garrafas de 2 litros que eram passadas de mão em mão, e tomada a goladas, direto da garrafa sem usar copos (eu até ofereci mas me disseram: Num percisa não seu Dotô, nóis gosta de ãssim mermo, no bico qui desce mais gostosu).
Então coçando a cabeça em atitude de quem está pensando ele olhou pra cima e gritou lá pra laje!

-Chicão.....O Chicão seu peste!

-Fala seu fi du’a égua!

-Ta cum tu a Marquita do zóinho?

-Tô cum Marmita de ninguém não seu miséra!

-Num é Marmita não disgrama...a Marquita do zóinho seu froxo!

-Nun sei de Marmita e nem de Marquita e nem de Zóinho ninum aquim cima , vê se acha outro pra abestaiá!

- Orra gente inhorante, fóda de trabaiá, vai se fudê intão bódão do carái....

Essa era a rotina na obra, o dia inteiro, um tal de Bódão, gritando com Chicão, com Zóinho, com Parafuso e o escambau e chefiando a todos ?: Zé do Brejo! (que eles chamavam de gato).

Olha eu de novo rodeado de gente do Zé do Brejo, que levou aquela turma toda lá pra minha casa para fazer a minha laje que iria aumentar um pouco a construção nos fundos.

- E então seu Zé do brejo, dá pra fazer a minha laje?

-Mas seu Doto, pá nóis é facim facim...em dois tempu nóis tremina...

-Sei...(eu coçando a cabeça)..lizim lizim....olha lá hein seu Zé!

-Pó dexá cum nóis que ieu areúno os Profissionar, só gente de Catinguria e manda vê!

-Olha lá hein ??,. Tem que ficar pronto em uma semana...nem mais um dia.

-Demorô! , qui ieu demoro mais que treis dia pra fazê uma lajizinha assim desse tamanin? Pó botá fé...si im treis dia num tivé pronto o Doto pó corta meu saco!

E foi assim que eu entrei nessa de novo....Treis dia....pó cortá meu saco...facim facim.

Primeiro dia, não eram nem seis horas da manhã chegou seu Zé com o tal Divino!

- Esse aqui é o Divino, home bão di Laje, né mês Divino?

- Pois qui seu Zé intende mermo, vamos alevantá essa lajizinha em dois tempu, á se vâmo!

E assim foi aparecendo durante o dia todo: Socó , Beleleu, Lindomar, Jaci, Tião, Chesca , Raio Vac , Mandioca (especialista em ferragens que ele chamava : Os ferro) – Beronha e Pitu, alem dos outros que já citei.

A equipe para construção da minha laje então estava formada...verdadeiro Corpo de Baile de mascarás encenando O INFERNO de Rodolpho.

Minha esposa quando viu a turma toda sentenciou: -Vou pra casa da minha mãe (com cara de zangada), quando estiver tudo pronto E LIMPO, eu volto...só você mesmo, sempre me aprontando!

Eu fiquei meio confuso com o comentario dela, mas nem deu tempo de retrucar porque ela saiu xispando dali, levou até os dois cachorrinhos pincher....já vai tarde (eu pensando), mulher em obra só atrapalha mesmo.

E não é que o pessoal sabia trabalhar mesmo?, ao final do primeiro dia já haviam estruturas de madeiras e caixarias e colunas de ferros e um cem número de coisas feitas?

Já no segundo dia faltaram dois trabalhadores e seu Zé do Brejo justificou: Strépi no Dedão e Dor na Cacunda (claro), mas queira ou não a obra estava andando e eu pensando comigo: Quando ela voltar não vai nem acreditar que já esta pronto, aí eu quero ver ela engolir e pedir desculpa!

A frente da casa virou depósito de material de construção, Tijolos – Cimentos – Madeiras – Pedra - Areia , Caçamba de lixo, crianças brincando na areia, cachorro fazendo cocô na pedra, chega e sai de caminhão, fundo musical do meu Balé, faz parte.

Derrepente um corre corre, e todos os homens saindo da obra e indo pra frente da casa e barulho de caminhão chegando fazendo alvoroço.

-Chegô gente, vãmo lá ajudá!, vãmo, vãmo...êh maravilha! Agora ieu senti sustança no negóço, é já que a gente tremina essa laje.

Eu fiquei curioso , porque parecia que estavam muito alegres, contentes como criança quando vai ganhar presente e acorriam para lá em passos firmes e decididos, não me aguentei e fui ver o que era, encontrando seu Zé sendo parabenizado pelos amigos.

Na frente da casa um caminhão velho caindo aos pedaços, todo meio torno por uma carga pesada que pendia pra um lado, soltava uma fumaceira dos diabos e fazia um barulho tão estrondoso que tive que gritar para que seu Zé me ouvisse.

- Seu Zé...seu Zé.., o que está acontecendo?

- O Sr. já vai vê...num sabe não?

-Não (eu coçando a cabeça)

E então descarregaram um volume imenso envolto com lona preta e que era bastante pesado pois foram necessários vários homens para descer do caminhão e então como que suportado em um andor foi intronizado pelo meu quintal adentro carregado pelos ombros dos pedreiros seguidos por uma verdadeira romaria e colocado próximo a obra, e tão logo chegou ao chão eles começaram a desembrulhar a traquitana, seu Zé foi até o embrulho e me puxando pelo braço arrancou de uma só vez a lona preta e me apresentou orgulhoso.

- Seu Dotô...essa é a Bitornera.

Pode?

quinta-feira, 9 de abril de 2009

28 Mensagem de Texto.

Mensagem de Texto.


Um dia eu estava muito chateado, meu trabalho estava me desiludindo, eu trabalhava, trabalhava, corria, fazia, era explorado, com horas e horas de dedicação.

Chegava cedo e saia bastante tarde e não ganhava hora extra ou sequer um muito obrigado, o pagamento saia sempre com atraso, faltava material de trabalho como papel ofício, filme para máquina fotográfica que eu usava, pilhas para flash, caneta, tinta pra carimbo, enfim um horror.

O carro da empresa tinha pneus carecas e para abastecer eu tinha que fazer malabarismos, só me hospedava em hotéis de quinta categoria para economizar o adiantamento de viagem e assim abastecer o carro com gasolina.

Meu vale refeição valia um pouco mais da metade do valor do prato de comida que serviam em botequim de zona de meretrício, e eu então me virava com pão de padaria com algumas fatias de mortadela que eu mesmo comprava e trancado no quartinho de hotel cortava, passava margarina e com um guaraná de 02 litros, comia satisfeito, afinal estava trabalhando.

As vezes tinha que ficar uma semana em uma cidadezinha o dinheiro do adiantamento acabando e a empresa demorando para mandar uma ordem de pagamento ( era assim que chamavam transferência eletrônica naquele tempo), e nas horas de folga, como não tinha TV no hotel, e nada mais pra fazer eu saía a esmo, olhando as pessoas e sentado na praça fumando um cigarro ia orando e pedindo para que o tempo passasse bem rápido e eu pudesse voltar para a segurança do meu lar e da minha cidade.

Eu realmente estava amargurado aquele dia, desgostoso com a minha sorte, com a minha situação profissional e financeira e descrente de que Deus estivesse me olhando com bons olhos, afinal, parecia que ele não mais se importava comigo, pois estaria vendo a minha situação e não fazia nada para ao menos melhorar um pouquinho o meu destino.

Naquele banco de praça, olhando para o nada, posto que estava compenetrado em ficar com dó de mim e ralhando com Deus pelo desatino, fui despertado por um senhor bem velhinho, barbas brancas e magrinho, com bengalinha feita com galho de árvore, que usava um terninho cinza, camisa branca muito alva e gravata borboleta ( não é comum a gente ver alguém usando gravata borboleta hoje em dia).

Ele sentou-se ao meu lado e vendo minha expressão de melancolia, depois de pedir licença por estar em incomodando disse que havia lido em um jornal uma notícia muito interessante e disse:

O grande dilema do criador, é ser criticado por tudo e por todos
Que mesmo com todos os tudo deste mundo, conseguem fazer
Um simples quase!


Depois de ouvir aqueles palavras, tive uma crise de choro, coloquei minha cabeça entre os joelhos e com minhas mãos tapando meu rosto disse ao velhinho, me desculpe por chorar , é que eu estou muito triste neste momento e...

Quando olhei o homem não estava mais por lá...já era tarde e a praça estava fazia...um vento gostoso e fresquinho açoitava lentamente as folhas das árvores..., o entardecer se anunciava assim como o trililar do meu Bip informando chegada de mensagem de texto que dizia:

Não deu pra fazer depósito -terá que esperar mais 2 dias!

Pode?

terça-feira, 31 de março de 2009

27 Correntinha.

Correntinha.

Ele tinha um dente com problemas..., quando estava no Exército começou a doer e foi então atendido pelos excelentes profissionais dentistas do quartel e num instante a dor passou, assim como o ano em que prestou o serviço militar.

O problema ocorreu logo após voltar, doía e então foi a um dentista de verdade que sentenciou:

- Vamos arrancar isso porque ta tudo podre, vou colocar um provisório, portanto tome cuidado.

Feito o que tinha que ser feito lá estava ele então com um dente novo na frente, e agora até sorria mostrando a dentição que antes escondia, afinal logo na frente?...e preto ainda?, dava graças a Deus porque tinha um casamento pra ir e não queria fazer feio com aquele dente horrível e sendo assim foi pra festa.

A recepção foi num clube desses que têm mesas redondas para várias pessoas e ele acabou numa mesa de 10 pessoas onde só duas o conheciam e estavam distantes dele ainda por cima.

Quando liberaram o Buffet eles correram todos para se servir e já naquela animação de quem havia tomado algumas antes, e tanto falavam e gesticulavam e se serviam que ele nem notou como foi que aconteceu....só sentiu um ventinho diferente na sua boca enquanto falava e então percebeu a falta do provisório.(portanto tome cuidado...)

Ficou vermelho, branco, rosa, imediatamente parou de falar , parou de sorrir, parou de respirar e quando tinha que falar colocava a não na boca , (fingia que estava tossindo).


- Será que eu engoli? Ou caiu por aí? E então desesperado começou a procurar em todo o lugar.

Procurou no chão olhando de longe, deu uma desculpa e se jogou debaixo da mesa, olhou minuciosamente em cima da mesa em que estava e por ultimo constatou....NÃÃÃOOOO.....só pode ter caído no Buffet... voltou correndo até a mesa do Bufett, suava em bicas, observava as pessoas se servindo, e ele já com o prato cheio de novo na fila. Rezava a pedia:

- Deus do céu, me ajude a achar a encrenca do dentinho...Senhor dos Senhores me acóde nesta hora.

As pessoas na fila falavam alto e conversavam entre si, mas ele sequer podia sorrir e muito menos conversar com alguém, mas enfim chegou á mesa e de longe reconheceu o seu dentinho....na travessa do grão de bico, ( porra eu nem peguei grão de bico,como é que essa merda foi cair lá dentro? ...pensava).

Tinha ainda 02 moças na sua frente e todo mundo se empurrava bastante, e ele ainda suando rezava então para que nenhuma delas gostasse de grão de bico e que não se servissem antes dele, mas infelizmente o absurdo aconteceu.

Uma das moças se serviu de grão de bico e ele pôde ver ela passar ao seu lado, rindo e gesticulando e falando com uma amiga, e no prato a porção de grão de bico, com uma pequena peça brilhante reluzindo, rindo e praticamente cantando...nananána !



O mundo estava ruindo, a moça sequer estava olhando para o prato e se deslocava até uma mesa dos fundos junto com sua amiga, que notou a presença dele e os olhares insistentes que estava dando e cochichavam sobre ele, mas tudo ocorreu muito rápido.

Elas chegaram a mesa e lá estava o namorado de uma delas e o namorado percebeu que ele estava perseguindo-as e então quis tirar satisfação, gesticulava apontando pra ele e derrepente levantou-se e erguendo-se acabou por derrubar alguns pratos que estavam na mesa, e claro, o prato de grão de bico também caiu e tudo que estava nele.

Ele vendo os pratos cairem, atônito colocou as mãos na cabeça e se atirou sobre tudo gritando...NÃÃÃOOO...e o namorado achando que estava sendo atacado também deu a seqüência.

Ele nem percebeu como foi o soco que levou, só sabe que ao se restabelecer a confusão estava armada, o pessoal que estava na sua mesa, mesmo na maioria não o conhecendo havia se levantado e foram também tirar satisfação e então o quebra pau estava começando a pegar fogo, gente correndo pra todo lado, mesas voando, paletós jogados, pessoal do deixa disso e então alguém o levou até o centro do quebra pau para tirar a limpo a questão sobre quem tinha começado.

Foi quando chegando ao centro (tinha a mão na boca pra esconder a janela) , o grandalhão com a mão estendida pra pedir desculpa, ele viu o seu reluzente dentinho parado praticamente na ponta do pé do valentão grandalhão , foi quando ele não pensou duas vezes e se jogou de cabeça na boca do estômago do grandalhão e caindo no chão pegando logo o seu dentinho e se escafedeu deixando uma enorme confusão atrás de sí.

Dia seguinte no dentista, com um olho roxo perguntou

- Não tem como fazer uma correntinha nele?

Pode?

sexta-feira, 20 de março de 2009

26 Cheinho.

Cheinho

Ela vivia me chamando para ir até a casa dela me apresentar a seu Pai, dizia que estava difícil a gente namorar sem consentimento dele e tre le le...então eu fui, mas já sabia que não ia dar certo e dito e feito, o homem que tinha uns 80 anos realmente não foi com a minha cara, acho que ele era meio preconceituoso sei lá.

Eu tentava fazer tudo certinho e conquistar o velho, comecei inclusive a tomar chimarrão só pra ficar mais próximo, mas estava difícil, ele ficava arredio, desconversava, saía de mansinho e só reaparecia depois que avisavam que eu tinha ido embora.

Só me dava atenção quando eu perguntava sobre coisas do passado histórico da cidade, pessoas ilustres de antigamente e então ele desatava a falar dos tempos idos, das pessoas, dos lugares, dos políticos e então, depois de achar o fio da meada eu dava trela.

Eu era sócio de um clube aqui em Curitiba ( não vou falar o nome) e um dia alegando que lá encontraríamos amigos do seu passado , coloquei o homem no meu carro e o levei comigo até o clube e como ele tinha dificuldade para andar eu o apoiava com o braço. Infelizmente naquele dia não haviam muito velhos perambulando por lá, mas fizemos um passeio e pouco antes de irmos embora paramos no bar do clube ( ao ar livre) ele tomando um refrigerante e eu uma cerveja, foi quando ele perguntou:

- Você sabe se tem um banheiro aqui por perto? ( já se levantando)
- Tem sim é logo ali (disse eu, apontando )
- Tão longe ?
- É o único amigo, mas eu te ajudo, vamos lá! ( e amparei o homem)
- Ta bom.

Já quase na porta do banheiro ele parou e me olhando fixamente nos olhos disse: -

- Foi longe demais!

- Como ? ( eu não entendi nada)

- Foi longe demais, eu to cheinho...vamos mais devagar que é pra não escorrer pela calça!

- Como?

- Eu me caguêi sua Anta.., vamos devagar que é pra mérda não cair e escorrer pela minha perna – Carralho!. (estava enfezado, vermelho e gritava comigo)

Eu não agüentei, juro que tentei, tive até uma dor no peito por querer segurar,meus olhos começaram a lacrimejar e tive que soltar o homem e cair num acesso de gargalhada, e ele parado lá...me olhando incrédulo dizendo:

- Você realmente é um mérda ! (me apontando com dedo em risque)

- Você que se cága todo e eu é que sou um mérda ? ( eu estava me contorcendo de rir)

- É um bósta e não serve pra minha filha...seu porqueira! ( parado movendo só os braços...)

- Desculpe amigo, mas é engraçado , não é por maldade.....quá...quá quá....

- Se não me levar agora ao banheiro seu carro é que vai ficar engraçado ...(gesticulando)

Enfim eu levei o homem ao banheiro, mas fiquei do lado de fora...o cheiro era horrível e a minha crise de riso estava se transformando em crise nervosa só de pensar que EU deveria levar ele de carro de volta pra casa...ou então chamar um táxi...(aí eu não agüentava e voltava a rir novamente da situação)...foi quando ele apareceu na porta do banheiro só com a cabeça pra fora e disse.

_Traga uma sacola de plástico para eu colocar minha cueca que vou levar pra minha esposa lavar !

Aí eu não agüentei e me mijei todo de rir da cara do homem, e ele gritava:

- Seu Caspita...me dê logo a sacola.....sua Anta!...Animal !

Aquele namoro durou pouco mesmo.

Pode?

quinta-feira, 19 de março de 2009

25 Direitos Reservados

Direitos Reservados.

Não entendo muito bem o que sejam os tais Direitos Reservados. As vezes me parece que sejam os direitos que foram reservados para as pessoas que chegaram antes, tipo em Restaurantes..., quando alguém chega antes e então colocam aquela plaquinha “ Reservado”., ou então quando a gente quer ir ao banheiro e pergunta- Poderia informar onde fica o reservado?

Por outro lado poderia ser até alguns direitos que reservaram para a pessoa, tipo: Direito de ir ao Reservado, e portanto quem chegar antes deverá aguardar até que o direito esteja novamente em disponibilidade de reserva. Pode também ser aquele direito que está reservado por alguma pessoa ( tipo aquela que chegou antes) e pediu: Voltarei mais tarde, mas deixe o banheiro reservado pra mim entre as 20 e 24 horas, que irei utilizar...

Ou será que o banheiro do lado “Direito” esteja reservado e que deveremos utilizar somente o esquerdo?...nunca ví nenhuma plaquinha dizendo : “Esquerdo” Reservado ( ou seria Sinistro reservado?), e nem o “Meio” Reservado...enfim, nunca reservaram um direito ou mesmo esquerdo pra mim, afinal quando preciso usar, sempre tem alguém que chegou antes e está ocupado.

E se não ocorrer reserva ?, é possível somente ocupar?...tipo: Direito Ocupado...acho que também nunca vi uma plaquinha dizendo Direito Ocupado, mas já vi banheiro ocupado. Enfim, muitas vezes parece que no Brasil, algumas pessoas reservaram o direito pra si mesmas, têm direito a tudo, fórum especial, cela especial, liberdade especial, banheiro especial.....realmente não sei bem o que seria Direito Reservado.

É um tal de Fórum privilegiado pra cá – Segredo de Justiça pra lá – Lugar reservado para idosos, Gestantes, Deficientes, Portadores de necessidades especiais, Mulheres com crianças de colo, integrantes do movimento dos Sem teto, crianças em fase de adoção, pessoas beneficiadas pela delação premiada e por aí vai.

Realmente não entendo, á pouco premiada seria apenas a telesena ou a raspadinha, e portadores de necessidades especiais seriam aqueles que por exemplo não podem comer coisas com lactose ou glutem.

Neste país parece que as coisas ou os direitos se invertem, se você mora em uma casa e ela é invadida, voce se esgoela e grita SOCOOOOORRRO.....SOCOOOOOORRRO e vai correndo até a polícia e reclama da invasão e apanha um pouco até provar que focinho de porco não é tomada e então a casa é invadida novamente, porem desta feita por policiais que colocam os invasores ( os primeiros) pra correr.

Porem se estes invasores forem pessoas com bonés e camisetas vermelhas e nestes estiver escrito MST pronto...não tem jeito, você deverá entrar na justiça e pedir Reintegração de Posse, depois deverá tentar fazer com que este pedido de reintegração de posse seja aceito pelo Juiz, que deverá autorizar a que o Delegado mande policiais até a sua casa, não sem antes o Delegado conseguir um Advogado especialista em Direitos Humanos para fazer o acompanhamento, e o Advogado então também conseguir um Cinegrafista Profissional e devidamente inscrito como perito do Instituto Médico Legal para fazer o registro áudio visual da reintegração de posse que comprove que novamente os Direitos foram reservados.

Realmente torno a dizer, não entendo o que sejam realmente os tais Direitos reservados.

Pode?

sexta-feira, 6 de março de 2009

24 Injeção.

Injeção.


- Mais forte do que as armas científicas atuais...supera o impossível..., domina o mundo da quarta dimensão e luta pela paz e pela justiça...Nacionarooooo Roooodolpho...ZAZZZ!

E assim, eu devidamente trajado com capa feita de toalha de banho e equipado com meu pára-quedas especial de guarda chuva, me joguei de cima do telhado da cozinha e caí em cima de um arvoredo que minha mãe tentava fazer crescer, mas que não contava com a minha ajuda , restando escoriações causadas pelos galhos da arvorezinha, um ferimento de 6 pontos na perna, causado por uma cerquinha que protegia a arvorezinha e uma bunda dolorida causada pela incompreensão de minha mãe.

- Seremos todos transformers., faremos do mundo um Claybom Cremoso, nada poderá nos deter, nem a chuva, nem o frio, nem o cansaço nem o sono!

Eu passava os dias e tardes nestas batalhas imaginárias, ou em escavações que fazia por todo o quintal á procura de um poço de petróleo ou de uma jazida de diamantes ou ainda então , quando estava com meus amiguinhos pegava quase todas as facas da cozinha de casa e municiava a minha tropa que integrava meu batalhão de expedição de desbravadores pelo mundo perdido dos Bandeirantes Guaporés.

Acompanhado também de meu fiel escudeiro Silver (meu cão Bob) e empunhando a minha espada de Liga da Justiça Estelar, bradava: Tander...Tander...Tander...Ohhhhh, e da-lhe surra no pé de banana: Pithhhhhh com minha pistola de raio laser...Pou...Pou...Pou nos bandidos assaltantes de carruagem dos dinheiros da rainha da inglaterra e de outras nações amigas.

Fazia aros ou amarrava latas e saia por aí a correr conduzindo minhas rodinhas ou pneus fazendo alvoroço: RRRRRRR.....RRRRRRR.....FRIIIIIIII ( nas curvas), subia nas arvores como macaco e no mato eu era o Jim das Selvas , á menos que estivesse empunhando um arco e flechas feito com o que restou de algum guarda-chuvas, ou ainda assoprando bolinhas colhidas de algumas arvores usando pedaços da antena de televisão como canudo para atirar o dardo fatal.( a minha mãe me cobrou as antenas até os meus 40 anos).

Maria mole no cone de casquinha que escondia algum brinquedo ou bechiga, doce de abóbora em formato de coração e o Pedro Bó ? quem não lembra dele? Suspiro cor de rosa com bolinhas coloridas enfeitando, paçoca farelenta que virava um nada na mão da gente, doce de leite com duas cores, uma era doce de leite e a outra, alguma coisa também parecida com ele...uma delícia.

Quebra queixo tirado com martelo, piruá do carrinho, raspadinha de menta, algodão feito na hora naquela máquina esquisita que eu ficava horas tentando decifrar como aquilo acontecia ( ainda hoje fico pasmo), manga verde com sal, roubar jabuticaba na associação médica...

Com o tempo passando comecei a mandar correio elegante para a amiga com quem vim até a quermesse só pra ter o que ficar falando com ela, sobre a curiosidade dela em saber quem havia feito aquilo, segurar na mão pra atravessar a rua e esquecer de soltar bem depois de haver atravessado, até as mãos ficarem úmidas de suor e quentes de paixão.

Tudo isso foi legal, mas injeção eu detestei.

Pode?

quarta-feira, 4 de março de 2009

23 Boa hora.

Boa hora.

Somente aqueles que têm irmã é que saberão avaliar o que estou contando, afinal, somos todos (aqueles que têm irmã), sofredores, abnegados e porque não dizer, vítimas silenciosas das agruras e vicissitudes porque temos de passar nas garras destes seres cruéis.

Eu não podia fazer nada e nem precisava fazer algo para que a culpa fosse minha e recebesse cascudos , beliscões, puxão de orelha, safanão, tapa, pontapé, chinelada e muita surra...afinal eram outros tempos e isso era normal e até corriqueiro.

- Oi amiga tudo bem ?

- Oi tudo bem amiga, só a minha mão que anda doendo um pouco...

- Já sei..., deve ter machucado batendo no seu filho!

- Como é que sabe ?.

- Eu também sofro como você...Vô ti contá... tirei meu gesso ontem ( e mostrava o braço) , não é que o ladino do meu filho se desviou e eu bati meu braço na pia e quebrei em dois lugares?...mas não se preocupe não, ainda consegui bater nele com a minha esquerda.

- Olha, ser mãe realmente não é fácil amiga.

A disgranhenta da minha irmã usava tudo, era só me olhar a já gritava : Mãe o Rodolpho ta me batendo !, se queria algo e eu não dava : Mãe o Rodolpho tá me batendo !, se eu estava com o pé na mesinha da sala: Mãe o Rodolpho tá...!, – se o pão dela caia ou se ela estava aborrecida por qualquer coisa: Mãe o Rodolpho tá...!

De forma imediata e sem nem olhar para os lados dá-lhe cascudo no menino, joga tamanco no moleque, tasca-lhe vassourada no infame., tudo porque a lindinha, a queridinha da mamãe, o bilú tetéia da vóvó, a megera aos olhos do sofrido irmão, estava dizendo que havia sido amuada pelo ladino, o mal criado, o peste o malvado EU.

Assim, o tempo foi passando, crianças crescendo, personalidades se amoldando,formação de caráter etc, mas algumas coisas teimavam em não mudar, a minha mãe e sua dureza no trato com os filhos e a malevolência infinita da minha irmã, mas um dia...

Eu já trabalhava no Banco perto da nossa casa e almoçava em casa todos os dias e minha irmã não fazia nada (claro), estudava( pura obrigação) ajudava na limpeza e ficava ao telefone com as amigas o dia todo.(tambem óbvio).

A Minha mãe tinha um xodó (fora a minha irmã) ...um carrinho de bebidas onde ela colocava de tudo mas principalmente Taçinhas de Cristal, (ela dizia que era pra ser usado em momentos especiais, mas já a 10 anos que estavam por lá), ele ficava entronizado na sala ( só faltava ficar bem no meio tipo uma fonte), tinha umas toalhinhas, pegadores metálicos, baldinho de gelo de prata e um monte de frufru, eu nem passava perto dele (gato escaldado tem medo de água fria).

Um dia logo após o almoço, minha mãe tinha saído e minha irmã estava passando aspirador na sala quando acidentalmente ela esbarrou no dito carrinho de bebidas.(o xodó)...quebrou uma das perninhas dele.(o xodó)...ele pendeu pra um lado e lentamente derramou todas as tacinhas de cristal... todos os penduricalhos...(o xodó), o baldinho de gelo, pegadores e até as bebidas foram ao chão fazendo o maior estardalhaço.

Eu saí da cozinha e fui pra sala ver o que havia ocorrido e lá estava a minha irmã (coitada)...Branca...Translúcida...quase uma holografia...com as duas mãos na cabeça....literalmente desesperada olhando o que ela tinha feito... ela não conseguia falar ou se mover, acho que estava até catatônica, estarrecida, em coma ( cá entre nós uma graça).

EU, percebendo tratar-se de uma situação especial e vendo minha irmã naquela situação difícil, tentei ajudar e reavaliar as coisas...passei por ela e peguei uma das taçinhas ( ou pelo menos o que havia restado dela), a taçinha estava até inteira...só a parte de baixo é que havia quebrado (o pezinho) , peguei a taçinha e ergui bem alto...minha irmã me olhava com lágrimas nos olhos e tremendo, tentando acalmá-la foi que eu disse.

- Não se preocupe, eu nem vou voltar a trabalhar agora a tarde...

Minha irmã chorando e balançando com a cabeça de forma afirmativa.

- Eu ficarei aqui mesmo esperando a mãe chegar junto com você.

Ela olhando para mim com os olhos marejados mexendo a cabeça positivamente.

- Não vou sair do seu lado, aconteça o que acontecer....

- Eu.....eu....(ela balbuciava), quebrei sem querer!

- Eu sei...eu sei...Claro que foi, não se preocupe ( e abracei ela).

- Quebrou uma das rodinhas e então caiu tudo....(chorando no meu ombro).

- Calma... calma, vai tudo ficar bem, não se preocupe, eu ficarei com você até o ultimo momento.

- hãããã???.

- Sim minha irmã...chegou a sua Boa hora (fazendo o sinal da cruz)...Hoje, a Mãe vai te matar,(ela me olhando atônita), ainda bem que eu não estou na sua pele,fique tranquila, eu vou fechar os seus olhos...onde quer que eu jogue as suas cinzas?

Hehe!

Pode ?

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

22 Burquinhas

Burquinhas.


- E o senhor então vai se preparando porque amanhã de madrugada chega a sua Tia Nenê e vai ficar aqui uns 3 dias pra fazer consulta no médico...então já sabe, ela fica no seu quarto e você vai pro quartinho dos fundos.

-Mas mãe...

-Não tem mais nem menos, é isso e vê se arruma um pouco essa bagunça...e a Ana Luiza vem com ela e você não vai me aprontar de novo.

-Vixi, faz mais de 3 anos que ela veio mãe, você não esquece nada né?.

-É isso mesmo, e a menina ficou traumatizada com a sua arte...onde já se viu amarrar a menina no pé da mesa o dia todo?....se aprontar de novo você vai ver só o que eu te faço... ah se vai!

E assim minha mãe saiu batendo porta.

A Ana Luiza é que era uma peste, onde já se viu , achou minha lata de leite ninho onde eu guardava minhas burquinhas (bolinhas de gude), e não é que ela pintou com esmalte vermelho uns olhinhos e boquinha sorridente em cada bolinha?...até no meu Batatão premiado?.

O meu álbum de figurinhas da copa de 70 ela colocou chifre e bigode em cada jogador, e ainda enfeitou os campos de futebol com florzinhas coloridas, sol brilhante e até cachorrinhos ela colocou, não era justo e merecia um castigo a altura, não estou certo?

Agora mais essa, o terror estava voltando, de imediato eu comecei a procurar lugar para esconder as minhas coisas, debaixo do assoalho, em cima do forro, em cima do telhado, na casa de coleginhas que moravam nas proximidades, afinal, tesouro é tesouro.

De madrugada eu ainda dormindo só ouvi a minha mãe gritando.

- Zarpa já daqui que a sua tia chegou, xispa lá pro quartinho dos fundos, e nós vamos sair bem cedinho pra consulta dela, vou deixar café e tudo em cima da mesa, comporte-se senão vai levar uma piaba quando eu voltar.

Eu nem sei como foi que eu fui pro quartinho dos fundos, acho que meio zonzo de sono, arrastando meu cobertor de bandeira do Brasil (não largava dele por nada).

De manhã eu mal acordei e então lembrei que estava no quartinho dos fundos e voltei pro meu quarto pra procurar uma camiseta, foi quando eu me assustei com o que vi.

Ela estava deitada na minha cama dormindo, usava um shortinho branco com umas rendinhas, camiseta branca onde dava pra ver uns seinhos salientes e a pele dela era lisinha e toda cor de rosa, cabelos loiros tipo espiga de milho e tinha um não sei quê, que me deixou estranho e eu então pé ante pé passei por ela e abri a porta do guarda roupa, e então ela se mexeu e deu pra ver um pouquinho do seio dela...

Eu fiquei maluco e assustado e bati a porta do guarda roupa e saí correndo com a minha camiseta na mão e então ela acordou.

- Oi, não vai me dar oi não?

- Oi , tô com pressa, café ta na mesa.

- Espera um pouco, quero te ver

- Eu já volto, vai tomando café que ta na mesa, eu já volto.

Eu saí rapidinho e fui dar ração por cachorro, lavar o rosto e esconder alguma coisa em mim que crescia e me fazia passar vergonha as vezes na escola, a minha professora (dona Lúcia, já falei que fui apaixonado por ela?) me disse dia desses que eu estava ficando mocinho e que naturalmente aprenderia a lidar com isso.

Só pra prevenir pequei uma jaqueta e amarrei na cintura e cobri o local...vai que volta de novo ? , ficou meio esquisito mas melhor do que sem nada e pra disfarçar coloquei um chapéu velho do meu pai.

- Credo ! disse ela ( estava sentada á mesa do café) , onde você vai com esse modelito?

. Brincar de fazendeiro, só isso.

- É mesmo?, e pra que o fantasma? ( apontava pra baixo em mim) .

Quando eu olhei a coisa já tinha acontecido... ele (voce sabe quem) tinha ficado de novo erguido e a jaqueta ido junto, eu fiquei vermelho, azul, branco, bati na jaqueta e baixei a armação e sentei imediatamente pra tomar o café.

- Desculpa..., ando tendo uns problemas aí...coisa de menino.

- Eu posso te ajudar... quer?

- ã ???

Á partir daquele café da manhã, minha vida nunca mais foi a mesma, e eu até esqueci o lugar onde eu havia escondido as minhas coisas, meus álbuns de figurinhas, meus bodoques, bilboquê, perdi quase tudo, mas o que mais me faz falta, e até hoje reclamo, foi haver perdido a minha inocência e ingenuidade, sem falar nas minhas burquinhas? Falei desde o começo que ela realmente era uma peste.

Pode?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

21 O Causo

O Causo

Quem me contou foi meu avô, que puxava para acontecimento diretamente com ele o que se passou, mas acho cá pra mim, que isso não seja verdade, porque anos depois, quando o Rolando Boldrim, ainda tinha um programa de televisão, contou este causo, igualzinho ao que meu avô havia dito ter ele mesmo presenciado ou vivenciado.

Verdade ou não, estória do meu avô ou do Rolando , não faz muita diferença, afinal, foi interessante e acho que é bom lembrar.

Dizia meu avô que o causo aconteceu lá pros cafundó do Rio Grande do Sul, quando ele era capataz de fazenda de gado e que muitos fazendeiros e outros capatazes se queixavam de roubo de bois, cavalos ou mulas ou algo assim.

Um dia, numa destas festas de fazenda e peões, os capatazes se reuniram e determinaram que todos iriam vigiar muito bem suas fazendas e que aquele que conseguisse prender os bandidos, deveria imediatamente fazer soar o sino da igreja e levar o bandido pra lá.

Eis que numa tarde o sino tocou e todos acorreram em alarido, e chegando lá, 2 matutos, muito lampeiros, vestidos de bota , chapéu e tudo que um cavaleiro veste e o capataz de uma das fazendas, com eles amarrados em cordas, gritava: Peguei..Peguei os ladrões..

Diz que foi um tumulto, gente querendo dar ponta pés, gente gritando : Safados, Ladrões, Vagabundos – Bandidos – e então alguém teve a idéia de jerico: Vamos pendurar os desgraçados lá no rio – ao que começaram os gritos do tumulto: Enforca – Degola, Capa.

Resolveram que iriam fazer isso tudo após amarrados em galho de árvore acima do rio, e que lá permaneceriam pendurados, para que outros bandidos não mais se aventurassem pela região com o mesmo propósito ., e escolheram inclusive quem seria o carrasco, em tal de Zé do Brejo (hehe).

E foram eles pro rio e lá chegando, penduraram um dos bandidos e amarraram a corda, porem o galho de árvore escolhida cedeu ao peso do homem, que havia muito se debatido e então caiu na água , e soltando-se nadou para a margem (oposta é claro), e saiu depois pelo mato em desabalada carreira e escafedeu-se.

Os peões ficaram só assistindo aquilo, pois não podiam atravessar o rio naquela altura dos fatos, voltando-se para o segundo bandido e gritando para o Zé do Brejo diziam: Zé , agora faz com esse direitinho que é pra não acontecer de novo.

E o peão então, puxando o cavalo onde estava montado o segundo bandido começou a procurar outra árvore, foi quando o segundo bandido disse:

- Seu Zé.....

- Fala Bandidão.

- O Senhor trate de procurar um galho bem forte viu?

- E bandido tem querênça por aqui é? Seu safado.

- Não é por nada não, me adiscurpa assuntá é que eu num sei nadar não sinhô, tenha dó seu Zé!

Pode?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

20 Zoeira

Zoeira

No ar.

-Olha o carro do sonho, Sonho de goibada, de Creme de Chocolate de Doce de Leite, é só dois Real e leva cinco.

-É o carro do sorvete freguesia, sorvete de nata , sorvete de morango, sorvete de leite, custa só dois Real, leva cinco bola, traga a vasilha....traga a vasilha.

Na porta.

-Boa tarde senhor, eu sou da Associação dos menores infratores carentes e estou pedindo seu apoio....

-O Senhor não vai ter de comprar nada, eu só estou fazendo um trabalho de pesquisa aqui no bairro que visa....

-Tio o senhor não tem nada prá dá?

-Conserto fogão , ferro de passar, liquidificador, geladeira, se duvidar até unha encravada....

Nas imediações.

Pássaros assobiando fininho...cachorros latindo..., mulher abanando a toalha da mesa sobre a janela..., mães gritando a chamar os filhos..., criança brincando com carrinho de rolemã ou soltando pipa.

Meninas sentadas na calçada falando baixinho e dando risadinhas depois que passamos..., mulher lavando calçada esguichando água..., velha andando devagarzinho com bíblia na mão e ao passar nos dá um sorriso e diz “Bom dia vizinho”... , a moto do carteiro chegando e dois cachorros tentando morder as rodas e o carteiro tentando chutá-los..., o caminhão do gás com aquela musiqueta irritante e motorista com palito nos dentes.

Prestador chegando para consertar telefone de alguém estendendo escada no poste..., catador de papel com aquele carrinho abarrotado de coisas e dois cachorros acompanhando e cheirando tudo que vêem e fazendo xixi nas rodas do carrinho..., passantes com sacola de supermercado nas mãos conversando animadamente sobre qualquer coisa..., moça com carrinho de bebe ajeitando aquele paninho pra que a criança não sofra ao sol..., transporte escolar passando com aquele alarido de crianças em seu interior..., marteladas de alguém que prega alguma placa numa cerca próxima.

Musica tum tum tum, de algum maluco que deixa o som do carro ligado na certeza de que nós adoramos a sua escolha..., criança batendo palma em frente da casa pedindo que devolvam a bola que lá caiu e o cachorro pegou..., jardineiro com cortador de grama ligado e fazendo revoar cisco pra todo lado.

O vizinho da direita possui um portão eletrônico que quando acionado faz rurururururururu..., o vizinho da esquerda deve ter morrido porque não dá sinal de vida...,o beija flor quando lhe falta água com açúcar no potinho vem tirar satisfação e só falta falar zunindo sua reclamação..., uma família de Patos ou Gansos de um vizinho das imediações faz incursões e travessias de rua grasnando “gráaaaa gráaaaa tsssssss”, e quando me vêm me atacam baixando o pescoso e correndo para o meu lado..., e eu fugindo e rindo.

Primeiro eu sinto o cheiro de cafezinho passado na hora que dá até vontade de fechar os olhos ( cheiro de café é melhor que o gosto), depois um cheiro de cocô de cachorro, olho pra traz e vejo e meu cachorro Fila Gigante acocorado , meio curvado fazendo força e soltando aquela montanha que terei de catar logo antes que empedre e eu tenha que tirar com britadeira.

É...Acho que hoje eu não estou inspirado pra escrever nada não...vou sair e tomar um sorvete.

Pode?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

19 Natureza

Natureza.

Eu conheci a Claudia num barzinho aqui em Curitiba chamado Calamengau ( não esse Forro do Calamengau que falam hoje), era quase em frente a Reitoria da Federal,...o velho Calamengau.

Lá iam desde estudantes da ativa com seus livros , réguas e trenas e estetoscópios novos e estojos de pintura e calculadoras financeiras e um cem número de apetrechos, que se eu tivesse mesmo de listar, ficaria aqui o resto do ano, e os outros ex-estudantes, carregando coisas tambem parecidas.

Um dia alguem fez soar o alarme de incêndio e então todos ficamos sem a ultima aula e a maioria foi lá pro calamengau matar tempo. Ela linda...olhos meio verdes, cabelos pela cintura com cachinhos esvoaçantes, corpo de princesa, usava até um Penal, pode?...um Penal? daqueles da Hello kit?...uma verdadeira Penélope, brilhantezinha, toda arrumadinha, lacinhos e furs frus frus, fazendo o curso de Comercio Exterior (carregava calculadora financeira), e o pai dela levava e buscava todo dia, com chuva ou sol...todo dia....sem faltar...todo dia...sem atraso...todo dia...cara feia, todo dia, sem tirar nem por...todo dia...fora do carro esperando a filha e olhando pros lados como efetuando uma varredura de sensor de alarme.

- Tá chovendo, quer carona no meu guarda chuva? (disse eu).

- Claro , muito obrigada. ( abraçava seus livros como o ursinho pimpão...que meigo....que graça).

- Se quiser podemos tomar um cafezinho ou leite ou água ali na cantina... ( vai que cola?)

- Não obrigado, meu Pai está ali (me apontando pra ele), outra hora talvez.

- Ok., lembre..., Rodolpho... um seu criado , - e fiz os salamaleques. (essa cafajestice aprendi com meu pai... tradição é tradição)...ela riu e devolveu com uma cortesia .

- Não me farei de rogada meu ilustre criado, tão logo necessite irei me jogar aos seus pés pedindo socorro....( e saiu rindo á toa).

E foi assim que eu a conheci!

Depois, entendi que se quisesse ficar um pouco mais com ela teríamos que sair um pouco antes, porque o guardião, sabujo, escudeiro, chatíssimo do pai dela estava sempre á espreita...esperando....monitorando.....todo dia....sem faltar....todo dia....sem atraso...etc.

Bom , não me rerstava outro recurso...e DEUS bem sabe que eu pensei muito..ponderei bastante...meditei, orei e por ultimo arquitetei ainda mais....pois não queria que o pai dela ficasse chateado ou desanimado ou muito menos enfurecido ( eu sou nobre também quando quero), correndo risco de enfartes ou outras coisas, e então concluí: Só tenho que atrasa-lo!, e então poderemos ficar mais tempo juntos.

Ele só tinha me visto de longe ( Oi...eu com a mão abanando feito aqueles adesivos de para-brisa), e ele de longe olhando pra mim e fazendo sinal de Foda-se com os dedos.

Papo vai, papo vem, descobri com ela onde moravam, onde ele trabalhava, que horas entrava, que horas saía, quais carros tinham e tudo o mais.

No primeiro dia, 15 minutos antes de começar minha aula emprestei a moto de um amigo e fui até a empresa onde ele trabalhava e coloquei um pouquinho de cola tudo, nas fechaduras das portas do carro, e pensei...hehe., vai atrasar pelo menos uma meia hora pra conseguir abrir isso.

Que nada..., quando estávamos saindo e ainda no corredor ela atendeu o celular e era o pai dela dizendo que Vândalos tinham colocado cola no carro dele, mas que ele tinha ido de caminhão da firma pra buscar e que estava esperando lá fora.

Na segunda tentativa murchei os pneus do carro e então ele foi com o carro do chefe, e no telefone falando com ela estava até contente, afinal o carro do chefe era muito mais legal e chic que o dele.

Na terceira, eu já estava pensando em mandar sequestrar o homem, mas independente de tudo resolvi que não iria dar chance de sustituições de carros ou outros artifícios.
, e lembrei de uma receita que eu usava no jardim de infancia.

Comprei gelatina incolor, arranjei dois vidros de maionese vazios e dei seqüência ao meu plano.

Depois da aula de educação física, com o tênis fedendo e suado cheguei em casa apressado e no meu quarto já devidamente trancado e longe de visualização de intrusos ou curiosos , passei um cotonete entre os dedos.....deixei bem lambuzados e até meio pretinhos , a gelatina que eu já havia feito no dia anterior e colocado (02 vidros de maionese) até a metade dos potes, estava bem durinha e até apetitosa.

Funciona assim: Gelatina é proteína pura e nos bastões de cotonete que passei entre os dedos estavam as bactérias que acompanham o chulé....o fedor propriamente dito que temos de chulé não é pela existência de bactérias não...é só o resultado do fedor das fezes que as bactérias fazem após se alimentarem.

Quando elas estão nos nossos pés elas se alimentam de cracas dos nossos pés, estas cracas possuem muitas proteínas e estas fezes chulezentas fazem a fedentina característica que conhecemos como CHULÉ ( nossssa....não é até didático isso que eu estou escrevendo?).

Pois bem, com os potes abastecidos de gelatina, passei os cotonetes sob a gelatina fazendo um Xis., e depressa fechei os vidros. Esperando paciente por 03 dias , quando então já dava pra ver mesmo sem abrir os vidros que as bactérias estavam muito contentes e alimentadas, afinal haviam comido bastante gelatina ( tinha um buraco imenso no meio ), daí foi só pegar o vidro e chacoalhar bastante até que a coisa ficasse parecida com água de coco e depois colocar tudo num borrifador.

O pai dela ficou chegando atrasado por uma semana porque vinha a pé e o pessoal de limpeza da empresa dele trabalhou muito neste período limpando o carro do chefe e o caminhão..hehe.

Fazer o que? Tava na minha natureza Uai!

Pode?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

18 Lobby silencioso.

Lobby silencioso.

Conheço muitos homens que apanham da mulher...é sim, conheço mesmo, e é uma situação muito sensível, peculiar, individual e que infelizmente parece até relevada a quinto plano, casos em menor número, agressões onde os problemas físicos, ou mesmo as agressões psicológicas, são relegadas ao quinto ou ultimo plano, fatos menores, números menores e portanto não devem , ou não possuem o direito a questionar á respeito do problema.

A meu ver, a revolução cultural e profissional que as mulheres promoveram ao longo dos anos, décadas, séculos, pode ser classificado literalmente como um Lobby silencioso e metaforicamente pode ser materializado como um animal, com tentáculos, com garras, com dentes, um ser selvagem, furioso , irado e com a premissa direta de derrotar o seu predecessor, o Homem., aquela entidade que deve ser extirpada do contexto social, familiar, político, profissional, e que sempre se fez presente, em vertentes que infelizmente quer por força física , notória diferença biológica, ou então direcionado a aspectos financeiro profissional. ( o sustento da família e aquelas coisas todas...).

Enfim, conheço homens que apanham da mulher e não são poucos não, são colegas, amigos, parentes, conhecidos e até desconhecidos que me procuram e contam as vicissitudes por que passam neste emaranhado feito balaio de gatos em que suas vidas familiares se tornaram. É claro que estes casos em relação ao cômputo geral são em menor número ( na verdade não tenho informação precisa a respeito), mas sinto por parte destes colegas, uma fragilidade tão sensível quanto as das mulheres, que alegam, a força lhes ser impingida , dado as características físico/química de sua condição de fêmea.

Para mim, homem ou mulher que se atracam fisicamente ( isso quando parceiros – namorados, casados, amantes, ficantes ou sei lá mais o que)., na verdade perderam o juízo ou pior ainda, nunca o tiveram . Porque numa relação a dois, o ditado “ Quando um não quer , dois não brigam” , cabe muito bem para identificar a ordem ou a falta dela.

Eu mesmo já fui casado ( ou algo assim) com uma pessoa e dela me separei quando ela me bateu ( e forte), perdeu a razão (ficou doida, o miolo ficou mais mole)., e dá-lhe então porrada no coitado, que depois do incidente não pode sequer contar o caso para um amigo, afinal, o que se pode fazer ?, procurar a Delegacia de proteção á Mulher? , com certeza eu seria atendido por uma Delegada com critérios e conceitos já pré concebidos que me perguntaria: “ Mas o que foi que o senhor fez ? para que a coitada de sua esposa ficasse tão brava a ponto de lhe dar uma Bifa?”., e aí com certeza minha resposta seria encarada como desacato a autoridade e cala boca vagabundo, fica quieto zé mane, e eu iria acabar apanhando ainda mais, ou em caso contrário, iria eu, em uma delegacia comum e seria atendido por um escrivão de polícia, de bigode gigante, palito nos dentes, sentado em frente a uma máquina de datilografia que diria: Putz Grila, é uma merda, hoje esse dia não vai passar mesmo.!

Não pretendendo fazer tróça desse assunto, que acho sério e digno de análise pelos estudiosos de plantão, um dia ouvi na rádio educativa um programa de entrevista que deixava o numero de telefone para fazermos perguntas que seriam discutidas por uma psicóloga e telefonei para lá abordando o tema, e fiquei surpreso quando minha pergunta foi lida no ar e após as risadas dos locutores e da psicóloga entrevistada, o tema “Homem ser agredido pela mulher “ foi tratado de forma simplista e mais como uma piadinha, deixando evidente, que embora buscassem falar sobre o assunto na realidade Homem apanhar de mulher realmente é motivo de escárnio.

Triste realidade social a rotulagem de que homem só pode apanhar de outro homem, ou de que homem não apanha de mulher, simplesmente porque é mais forte ou de que sendo homem, deve suportar passar por esta situação sem se expor, afinal, homem que é homem não chora., porem mesmo esse ditado nos foi transmitido por nossas queridas e irrepreensíveis mães (mulheres).

Os colegas que me procuram, em sua maioria descrevem que na realidade não apanharam, e sim, se deixaram surrar, cientes de que sua força física, quando utilizada sobre a rival, poderia causar maiores danos ou ainda de que , acaso revidassem as agressões, em termos policiais sofreriam represarias contundentes por parte das autoridades, seja da Delegacia Especializada da Mulher ou da Delegacia comum e que mesmo apanhando e feio, na frente da mulher , (atitude de macho)., não haviam derramado uma só lágrima ou emitido sequer um gemido, para não chamar a atenção.

Algumas atitudes das mulheres, quando analisadas da forma como dita a Lei (isonomia, que quer dizer igualdade), representam que estão elas cada vez mais infringindo princípios que ferem a tal isonomia.

É claro que ainda existem na sociedade padrões arcaicos de comportamento determinantes de desigualdade social que melindram homens e mulheres, porem, cada vez mais temos razão para identificar que a balança muitas vezes pende para o lado mais fraco e que diversas vezes o lado mais fraco, infelizmente seja o o lado do homem.

Muitas vezes homens perdem vagas de emprego porque uma mulher se apresentou mais bem preparada, contudo não me refiro a, melhor preparada, pois usaram de artifícios femininos para galgar a vaga ( Sainha curta e justa - meiguice- maquiagem – perfume - comprimidos para disfarçar a TPM, etc), artifícios femininos são usados como metralhadora ou bazuca para exterminar o oponente masculino em pendenga, sejam elas sociais, profissionais , no âmbito familiar e em quase tudo, onde elas continuam a exigir que o homem seja forte e não chore e continuam admoestando que são criaturas meigas, frágeis e sensíveis e que qualquer coisa que as aflija, sempre estará sendo ditada pelo opressor, neste caso o homem.

Minha mãe ( que deus a tenha) não usava esta carapuça ou carapaça, era forte sim, saia na porrada e na maioria das vezes ganhava por ser mais forte, andava armada, dava pedrada e aí de quem mexesse com os filhos dela.

Este infeliz determinismo, este Lobby Silencioso que está estendendo seus tentáculos por toda a parte, solapa as relações , que hoje infelizmente já estão rotuladas como :” A Guerra dos Sexos” , onde os homens realmente continuam levando a pior e conseqüentemente continuam apanhando.

E a Lei Maria da Penha ? quando é que teremos um homem com culhão para reivindicar os mesmos direitos?, ou quando é que uma Delegada da Delegacia da mulher terá Culhão (vixi, se de homem já é feio o de Delegada então deve ser um horror) para defender um homem que apanha? , ou será que a coisa vai continuar assim... na lesma lerda?

Pode?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

17 Pedrada na cabeça.

Pedrada na cabeça.


Eu não sei quanto a voce, mas quanto a mim eu tenho certeza: Sou uma negação para nomes, fisionomias ou vice versa. – não lembro nada mesmo de quem quer que seja e o meu problema não tem nada a ver com a idade não (não são tantos anos assim....nem me lembro quantos ao todo, mas são poucos), pois sempre tive este probleminha de lembrar de coisas e pessoas ( devem ter batido com minha cabeça em alguma quina).

Enfim, só sei que realmente devo ter algum problema pois já passei por tantas e boas que só mesmo algum problema de saúde ( ou falta daquele remedinho: Simancol), poderia justificar algumas gafes.

Como sou ciente de que tenho este tipo de problema, não me faço de rogado quando alguém me olha na rua ou em qualquer lugar...eu vou logo acenando com a mão e cumprimentando e dando tréla até que a pessoa me ajude a lembrar de onde? É que nos conhecemos.

Pior que algumas vezes como o papo não me da nenhuma dica, então eu acabo perguntando com a cara de pau deslavada: Amigo, me desculpe, mas de onde mesmo é que nos conhecemos? E a pessoa responde: Acho que de agora mesmo, pois não me lembro de voce em outros lugares....- ahhh fazer o que?...tem o lado bom, fiquei mais comunicativo ( e impertinente também).

Uma vez foi uma moça, bonitinha até , que estava fazendo um curso comigo , desses cursos de 02 semanas ou 15 dias ou algo assim e eu notei que ela ficava me olhando...me olhando, até que veio até a mim e disse:

- Você não é o Rodolpho?

-Sim, sou eu mesmo.(eu já estendendo a mão para cumprimentar).

-Que morava na vila Brasil lá em Londrina ? ( ela nem viu minha mão estendida).

-Sim, eu mesmo e você quem é? (eu cruzando os braços).

- Eu?, ta ficando gagá é?, não lembra de mim, a Silvinha....voce me chamava de ferrugem! (ela com as duas mãos na cintura em formato de xícara).

-Desculpe não lembro, faz tempo que saí de Londrina e...

-Claro que faz tempo acho que você tinha uns 8 ou 9 anos e eu perto disso também!

-Pois é...( aí eu já displicentemente tinha colocado as mãos nos bolsos).

- Lembra que meu Pai tinha uma carroça, e a gente morava atrás da fábrica de tanque?

-Desculpe não lembro e...

-Lembra que você me deu uma Pedrada na Cabeça? – e puxando os cabelos para o lado tentava me mostrar uma cicatriz no cocoruco!.

-Desculpe, eu...( com as mãos já cruzadas em formato de implorar que parasse com aquele suplício).

-Eu não acredito que você não lembra de mim...nem da Casa Assombrada? ( agora com uma mão na cintura e outra com dedos em risque apontando pra mim).

Aí os colegas da turma que estavam fazendo o Curso se aprumaram para escutar melhor e dar palpites.

-Casa mal Assombrada ?

-Quem nunca brincou de assombração em Casa mal Assombrada?

-Quem nunca assombrou?

-Quem nunca foi assombrado?

- Pessoal calma ! (disse eu) , não vamos dar ênfase a outros assuntos que não sejam tema de nossos estudos, voltemos ao tema!

Aí então é que eles voltaram á carga:

-Não muda de assunto não professor...

- Lembra ou não lembra da Casa Assombrada?...

-É isso professor, lembra ou não lembra dela brincando lá na Casa ?...

-O professor... desembucha logo, traçou ou não traçou a filha do carroceiro na Casa Assombrada?

Pêra aí pessoal – disse eu voltando-me para a moça e perguntei:

- Como é seu nome mesmo moça? (meus braços cruzados).

-Silvia – mas pra você eu sou a Ferrugem! (ela ainda com as duas mãos na cintura em formato de xícara).

-Silvia ou Ferrugem tanto faz, me desculpe, na verdade eu não sou de Londrina não, sou de Sabaudia , uma cidade ali pertinho, mas como todo mundo da região, é mais fácil falar que sou de Londrina pra encurtar caminho.

UHHHHH – vaiaram os demais.

Negou fogo...Negou fogo...Negou fogo....

UHHHHHHHHHHH


Pode?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

16 Coisa e tal.

Coisa e tal.

Alguns dias as coisas acontecem, sem que possamos sequer registrar o ocorrido, na nossa agenda mental , de coisas acontecidas, e essas coisas acontecem tão rápido , que quando nos damos conta, a coisa já aconteceu e passou e outra coisa está naquele momento acontecendo, e muitas vezes aborrecendo , incomodando e importunando e infernizando e por aí vai.

E outra coisa acontece novamente e a mesma coisa acontece de novo e aquela coisa some no emaranhado de acontecimentos , mas quando a gente dá graças a Deus por haver esquecido, lá está ela de novo, e por aí vai de novo e tra lá lá....pei pei pei.

Tal e coisa, coisa e tal, numa miríade infinita de acontecimentos que se entrelaçam, se abraçam, se julgam impertinentes, e ás vezes se tornam concretamente impertinentes, e o nosso dia vai se arrastando feito lesma, deixando aqueles traços gosmentos e brilhantes por onde passam nossos pensamentos.

Como aquela música, ou pedaço dela, que nos acompanham durante um dia inteiro em nossa memória, ou aquele pequeno texto, ou um pensamento que nos martela a cabeça, pulsante, obstinado, incisivo, parecido com a coisa que minha diarista cantarola enquanto ta trabalhando, uma melodia estranha e com ritmo todo tropicante, que eu não agüentei e perguntei pra ela ; Mas o que é que a senhora ta cantando?

- Não tô cantãno nada sério não, tô cantãno um pouquinho de tudo é só a propaganda de um CD que toca na televisão e eu amanheci com isso na cabeça!.

As vezes o número de uma placa de automóvel que passou, o que nos leva a pensar: “ tenho que jogar no bicho este número”, e aí a gente fica o dia inteiro repetindo: “ tenho que jogar no bicho aquele número...tenho que jogar no bicho aquele numero, porem ou a gente esquece de jogar no bicho ( ou perde o sorteio chegando atrasado para fazer o jogo), ou quando chega pra jogar esqueceu o número, ou ainda quando você vai comentar com um colega: “Puxa, sabe que hoje o dia inteiro fiquei com aquela música na cabeça?” E ele pergunta: “Que música?”

Pronto... ! E a música então some..., desaparece como por encanto, torna-se fumaça, e não conseguimos mais lembrar a música, o texto, o pensamento, e raios o partam, esquecemos até sobre o que estávamos falando. Conseqüentemente aquilo que buscávamos tanto esquecer, passa a ser rastreado, como se fóssemos um Sabujo Perdigueiro ( para aqueles que não sabem, é um cachorro conhecido pelos seus dotes de farejador/caçador), vasculhamos e perseguimos nos confins de nossa memória, farejando, fungando, fuçando e soprando a poeira de lembranças por outros cantos nos arquivos do cérebro em busca de algum indício que nos faça lembrar do que queríamos tanto esquecer e acabamos esquecendo mesmo.

Neste momento você deve estar pensando: “ Isso é indício de Hauzheimer ( aquela doença que acomete a memória), e eu lhe digo que não....acho que não.

Já conversei com vários colegas que passaram por experiência semelhante, e portanto se fosse Hauzheimer, seríamos com certeza , um caso especial e suficiente para difundir um alerta público de epidemia.

A mente humana é realmente uma caixinha de mistérios e a medicina e a ciência por mais que apresentem respostas por vezes estapafúrdias sobre a mente, não consegue convencer a ninguém de que possuem uma resposta prática, direta e objetiva sobre o tema , tipo: “O problema foi esse, faremos isso e teremos tal resultado”.

Tenho um colega que é enfermeiro em um grande hospital e ele um dia sentenciou: “Aqui no Hospital fazemos de tudo.., mas a coisa na verdade é bem simples, Se cortou? Costuramos, Se quebrou? Colamos, mas seu foi na cabeça...xii, aí teremos um grande problema “ – tive que concordar com ele!.

Nestes momentos costumo parar e ouvir de forma muito atenta aquilo que me atormenta, cantando a música, revolvendo o texto, pensando sobre o pensamento (desculpem pela redundância) .

Como dizem os budistas, tudo passará, as músicas, os textos, os pensamentos e parodiando o Fernando Sabino: “No final tudo dá certo e se ainda não deu, pode ser que não tenha chegado ao fim.”

Independente de tudo, sabe que eu ainda não lembro o número daquela placa ?

Pode?

domingo, 18 de janeiro de 2009

15 Chocolate X Beijo

Chocolate x Beijo

Os cientistas por favor me desculpem mas, Vai fazer pesquisa furada assim lá nos quintos dos infernos! É um tal de que, não pode correr, pois pode sobrecarregar o coração, causar infarto, inchar as veias e tantas desgraças, que até pra pegar elevador eu gritava de longe “ Por favor esperem um pouco, não posso correr...meu coração...”

Agora vem outro resultado de pesquisas médicas, só andar ?, também não pode não..., não é bom..., o bom mesmo é correr , rapidinho e saltitante feito uma gazela, ou mesmo esbaforido, como fugindo de um assalto, porque mantem o coração ágil, batendo feito crente em manhã de domingo quando fazem suas visitas em romarias, dizem agora os cientistas que o coração fica atlético, descarrega endorfina, adrenalina, cafeina e tantas outras inas , que talvez até cocaína ele descarregue também ( cuidado, senhores policiais ouvi dizer que existem alguns corações partidos que estão emporcalhando a cidade por aí).

E o ovo? hummm?, e o OVO ??? pergunto de novo....diziam nossos ilustres cientistas:: MEU DEUS ! NÂO comam OVO, Fujam do Ovo, ele vai entupir as artérias, vai rechear as veias como lingüiça de tanto colesterol, vai causar infarto, vão nascer penas em vez de pêlos, e o coitado do Ovo com tanta propaganda negativa, foi alvo até de aborto, afinal, que mãe ? por mais que fosse uma verdadeira Galinha, poderia ter orgulho de dar á luz, um ser tão vil e execrável?

E agora é o contrário "OVO" é bom pro coração ! dizem eles..., mantem tudo lindinho, sendo a gema a melhor amiga do homem depois do cachorro, e como já disse meu escritor favorito o Luis Fernando Veríssimo : E quem é que vai indenizar ? , os kilómetros (ou Quilometros...sei lá!) e kilómetros de fios de ovos que deixamos de comer por causa de uma pesquisa erroneamente divulgada?, e agora sou eu mesmo que pergunta.

- Quem ? Hã? Hã? Me respondam...quem??? vai nos indenizar ?, depois de termos passados pelas angústias, mazelas e aquela ansiedade medonha, que nos açoitava cada vez que passávamos em frente a uma padaria na época do natal e víamos aquelas tranças de fios de ovos, lindas, amarelinhas, enfeitadinhas com aquelas cerejinhas vermelhinhas, brilhantezinhas , pareciam até os cabelos da Rapunzel, dentro daquela bandeja prateada onde mostravam o leitão da ceia de Natal....hummmm, EU pergunto de novo, QUEM ????? vai indenizar toda aquela água na boca que sentíamos nestes momentos?

-Quem?

-Quem?

- Quem?

Eu mesmo, por diversas vezes , estive muito próximo de sucumbir afogado, pela água na boca quando via um reles ovo frito, ou então no café da manhã de algum Hotel , parado, hipnotizado, literalmente catatônico em frente daquelas cubas fumegantes com uma enormidade de coisas proibidas: Omelete, Ovos Pochêt., Ovos fritos, Ovos mexidos, Gemadas, Ovos cozidos bem molengos pra comer de colherinha, , Pastel de santa clara, Ovo no almoço, Ovo no jantar, Ovo, a verdadeira proibida proteína alimentar, e eu continuo aqui perguntando.

- Quem?

- Quem?

Não podemos deixar que isso continue a acontecer, sem fazermos nada a respeito, sem demonstrarmos a nossa indignação, porque ELES, os Cientistas, continuam a nos atingir com suas blasfêmias e ontem á noite ouvi com estes ouvidos, que a terra há de comer:

- 100 gramas de Chocolate , equivalem em termos de energia adquirida a um beijo de 3 minutos. ( e pior e que falam isso praticamente de boca cheia)

Novamente discordo veementemente, só se for lá nos...(xá pra lá!...) como chegaram eles a estas conclusões?, e quem é que fica beijando mais de três minutos?

- QUEM?

É claro que existem sim algumas exceções, onde eu mesmo, não querendo me gabar, em minha mocidade com certeza atingi os meus dois minutos e meio, mas parei antes, que era para não sufocar a parceira.

Também acredito, que a linda filha da minha vizinha talvez alcance essa marca, ou mesmo passe disso, quando á noite no escurinho da garagem do prédio , ela fica lá, se escondendo com aquele sortudo do namorado dela, mas tenho para mim, que a tal de energia equivalente, neste caso não seja somente a do beijo em si, afinal..., e os acompanhamentos? Hã??? como dizia a minha Mãe (que deus a tenha). A Sustância mesmo, não está na mistura, e sim nos acompanhamentos, arroz, feijão, salada, batata frita, ovo, servindo o pedacinho de bife, apenas para dar nome ao prato, tipo: No almoço teremos Bife á Cavalo, o bife mesmo é pequeninho, mas o cavalo, a sela, os arreios e tudo o mais é que valem a pena, ou seja...,taí a sustância!

Nesta ótica, a tal energia do chocolate com certeza, deve ser acompanhada de pedacinho de pudim, com bolas de sorvete, que tem por baixo duas bananas e um biscoitinho e enfeitando tudo isso a cobertura multicolorida e caldalosa, com colheradas gentis daqueles farelos de amêndoas, nozes , amendoins etc. Agora, sobre a energia do beijo, acho melhor nem tecer comentários , ou detalhar os acompanhamentos e sendo eu modéstia a parte um bom cozinheiro, tenho certeza de que,

- Ninguém cozinha como eu Cozinho!

E sendo assim..., os Temperos senhores Cientistas..., os Temperos e os acompanhamentos, eles sim, são energia pura....he-he.

Pode?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

14 Gambá de Cabeceira.

Gambá de Cabeceira.

Dia destes conversando com uma amiga, que morou muitos anos nos Estados Unidos e voltou recentemente, fiquei surpreso quando ela me contou que lá as pessoas se vestem do jeito que bem entendem.

Disse que é comum alguém resolver sair de casa ainda de pijama e ir até a padaria e comprar seus pães, isso quando não voltam pra casa comendo os pães no meio da rua e ainda por cima bebendo o café naqueles copos gigantes, que a gente vê nos filmes, ou então traçando aqueles biscoitos gordurentos que americanos tanto adoram.( não lembro o nome daquele biscoito, mas parece cueca virada, só que redondinho).

Eu achei aquilo uma coisa de maluco e se é que a carapuça serve : Coisa de Americano mesmo! – imagine se a moda pega aqui no Brasil?, dificilmente alguém usa sequer um pijama por aqui!. As pessoas usam mesmo “quando usam alguma coisa” é roupa velha, na maioria das vezes rasgada, com aquelas manchas enormes, parcialmente queimadas ou então camiseta de político.

Brasileiro adora camiseta de político, aquelas com a fotografia do sorridente candidato e com aquela frase: Agora é a nossa vez – ou ainda dormimos pelados mesmo , afinal aqui á bem mais quente.

Aposto que neste momento, um americano que esteja lendo este artigo, deve estar maquinando na sua enorme cabeçona loira: : “Típica dessas Brasileirrôs que son todas uns Indias Tunammbás !” , mas nós sabemos que na realidade não é isso não, eu conheço muita gente que dorme pelada, sem nada nadinha mesmo.

Lembram daquele prédio lá em Belo Horizonte, que começou a estremecer e inclinar e a cair durante a noite?, pois é..., eu tinha um amigo que era jornalista e morava lá perto (quase em frente), e quando eu soube do acontecido liguei imediatamente pra ele, preocupado que eu estava , pois achava eu que seria no prédio dele o fato ( mas não era), e papo vai, papo vem, eu falei.

- Bom , pelo menos você deve ter feito uma boas fotos, pois estava lá no momento dos fatos .

- Xiii...que nada, ( respondeu meu amigo) você nem imagina, primeiro a maioria tava tudo pelado, uma judiaria, ou então estava tão mal trajada que dava até dó de expor aquela situação, tive que emprestar roupas minhas, da minha mulher , da minha filha, e aí virou bagunça, até maquiagem da minha filha foi usada, para só depois eu poder tirar algumas fotos!

Não disse que essa moda não pega aqui no Brasil?..., isso sem comentar o outro lado da coisa, tipo os preços exorbitantes de pijamas. A pouco tempo vi numa vitrine Chic ( claro que chic, afinal loja brasileira para expor na vitrine um Pijama, só se for chic mesmo ) tão caro, mais, tão caro, que o preço do pijama, dava para eu comprar bem uns 06 Ternos completos , daqueles que já vem tudo: Camisa – Paletó – Gravata – Meias – Cinto , e até o sapato, se duvidar o manequim vem junto – isso sim, é loja brasileira de verdade.

Não que eu seja bocudo ou mexiriqueiro, mas veja bem, (só pra que voce possa me entender melhor...) minha esposa logo após nosso casamento, veio morar comigo no apartamento em que eu já morava ( herança da minha mãe), e a primeira coisa que eu notei que ela trazia consigo, foi um travesseiro todo torto, fedorento e malacafento, e ela agarrada com aquele Esterco como se fosse o Ursinho Pimpão .

Aí eu perguntei , usando de todo o tato que possuo para não melindrar as coisas:

- "Querida? , esse seu travesseiro , tem um cheirinho diferente.., é alguma erva aromática ? ou perfume que tem dentro dele?”

Pra que????? que eu fui perguntar.... – e então ela contou uma história epopéica sobre a origem daquele literalmente classificado por mim como : “ Gambá de Cabeceira” e ao final, ainda acrescentou que dele NUNCA iria se separar, e que a relação que tinha para com ele era até, ou ainda mais sólida, que as vertentes que ministraram na missa, quando do nosso casamento, e que ele tinha sido feito com nada menos , que Espuma do banco da antiga Kombi do seu pai , já falecido, e blaá blá blá etc...(mexe com quem ta quieto!).

Enfim, dei por encerrado o assunto, e escorri a conversa pra outro lado, e quanto ao que ela usa pra dormir então???? não vou nem comentar.

Isso eu não conto nem que a Vaca Tussa!

Pode?

domingo, 4 de janeiro de 2009

13 No Chafariz da Praça Osório.

No chafariz da Praça Osório.

Tive um sonho esquisito estes dias, e eu estava (no sonho), ouvindo rádio, assistindo noticiário na tv , ou algo assim...

A RPC informa:

Um fato incomum acontece neste momento na praça Osório em Curitiba, que deste esta madrugada, tem seu Chafariz jorrando Chopp!

Equipes da Surema, IAP, Bombeiros e AAs., estão desde esta madrugada, monitorando o local e isolando com faixas de segurança as cercanias da praça.

O inusitado foi percebido pelo porteiro de um edifício que trabalhava no período noturno e sentiu cheiro de cerveja e ao procurar a origem se deparou com o chafariz no meio da praça vertendo espuma branca e cheiro forte da bebida.

A repórter Thaiz Beleza , está nas proximidades do local e nos dá mais informações sobre o que está acontecendo..é com você Thaiz!

-Boa tarde Rosana., nós estamos aqui com o porteiro do edifício quase em frente ao chafariz da praça Osório onde desde a madrugada, está vertendo chopp., e o seu Edmir , porteiro do edifício vai falar com a gente.

- RPC: Seu Edmir, como foi que o Sr. descobriu que estava vertendo Chopp,do chafariz?

- PORTEIRO: Pois óia, eu escuitei o baruinho da borbulha e fui inté na praça assuntá, e pensei qui era sabão, mais na dúrvida aresorvi exprimentá......é choppis mêmo, e do bom, e é inté geladim.

- RPC: O Sr. chegou então a beber do chafariz?

- PORTEIRO: Bebê, bebê mesmo?, eu não bebi não sinhora, mais exisprementei bem ...uns 4 o 5 litro, que é pra não menti pra ninguem e fala cum certeza do acuntecido.

- RPC: E o que o Sr. acha que está acontecendo?

- PORTEIRO: Oia., eu acho é que ta acontecendo uma festas e das boa lá., agora tem inté carro de espetim, bloco de carnaval e inté briga já saiu, mas que ta tudo mundo bêbo...isso ieu não tenho durvida que ta sin sinhora!

- RPC: Não exatamente agora, mas o que o Sr. acha que está acontecendo pra verter Chopp no lugar de água no chafariz?

- PORTEIRO: Deus.

- RPC: Como ?

- PORTEIRO: Deus...acho qui ele vortô e feiz como dotra veiz, só que dessa veiz em veiz di vinho, transformô a água em choppis.

- RPC: E Porque o Sr. acha que Deus faria isso?

- PORTEIRO: Ah..isso ieu num posso assuntá cum certeza não sinhora, afinar, tudo que ta qui na terra é dele i ele faiz o que bem intendê né mês?., mais ieu acho cá pra nóis, ..é que ele acha que brasileiro bebe mais cerveja qui vinho....esse tróço di vinho é pra gente das Zorópa.., Brasileiro bebe é cerveja mermo..e choppis é tudo a lesma lerda , amarelin e cum ispuma, e geladim intão? .....tudo cerveja, e essa é Brãma pura dona .....hehe....mundão veio de guerra sô!

- RPC: Repórter Thaiz Beleza, diretamente da Praça Osório, é com vocês studio.


Pode?