Porque um Blog?

Alguns amigos me perguntam sobre o que estou escrevendo no momento?
Escrevi durante algum tempo para o Jornal do Estado (Curitiba/Paraná), para alguns Jornais e Revistas Técnicos escrevia matérias tambem técnicas ( Seguro em Foco foi um deles).
Mas o que estou escrevendo no momento são crônicas, se é que posso rotula-las com este título!.
Na verdade um pouco de verdade e um pouco de fantasia sobre a verdade.
O Livro está praticamente pronto, daí: No Prelo!.

Vou postar aqui algumas dessas pequenas estórias e conto com a compreensão dos amigos, sobre meus erros e lapsos ( que não são poucos).

Bem sei que de boas intenções, está ladrilhada a estrada que leva ao inferno, contudo...Como quem está na chuva pretende se molhar.

Adoraria receber de algum amigo uma toalha bem felpuda.

Rodolpho.




quinta-feira, 9 de abril de 2009

28 Mensagem de Texto.

Mensagem de Texto.


Um dia eu estava muito chateado, meu trabalho estava me desiludindo, eu trabalhava, trabalhava, corria, fazia, era explorado, com horas e horas de dedicação.

Chegava cedo e saia bastante tarde e não ganhava hora extra ou sequer um muito obrigado, o pagamento saia sempre com atraso, faltava material de trabalho como papel ofício, filme para máquina fotográfica que eu usava, pilhas para flash, caneta, tinta pra carimbo, enfim um horror.

O carro da empresa tinha pneus carecas e para abastecer eu tinha que fazer malabarismos, só me hospedava em hotéis de quinta categoria para economizar o adiantamento de viagem e assim abastecer o carro com gasolina.

Meu vale refeição valia um pouco mais da metade do valor do prato de comida que serviam em botequim de zona de meretrício, e eu então me virava com pão de padaria com algumas fatias de mortadela que eu mesmo comprava e trancado no quartinho de hotel cortava, passava margarina e com um guaraná de 02 litros, comia satisfeito, afinal estava trabalhando.

As vezes tinha que ficar uma semana em uma cidadezinha o dinheiro do adiantamento acabando e a empresa demorando para mandar uma ordem de pagamento ( era assim que chamavam transferência eletrônica naquele tempo), e nas horas de folga, como não tinha TV no hotel, e nada mais pra fazer eu saía a esmo, olhando as pessoas e sentado na praça fumando um cigarro ia orando e pedindo para que o tempo passasse bem rápido e eu pudesse voltar para a segurança do meu lar e da minha cidade.

Eu realmente estava amargurado aquele dia, desgostoso com a minha sorte, com a minha situação profissional e financeira e descrente de que Deus estivesse me olhando com bons olhos, afinal, parecia que ele não mais se importava comigo, pois estaria vendo a minha situação e não fazia nada para ao menos melhorar um pouquinho o meu destino.

Naquele banco de praça, olhando para o nada, posto que estava compenetrado em ficar com dó de mim e ralhando com Deus pelo desatino, fui despertado por um senhor bem velhinho, barbas brancas e magrinho, com bengalinha feita com galho de árvore, que usava um terninho cinza, camisa branca muito alva e gravata borboleta ( não é comum a gente ver alguém usando gravata borboleta hoje em dia).

Ele sentou-se ao meu lado e vendo minha expressão de melancolia, depois de pedir licença por estar em incomodando disse que havia lido em um jornal uma notícia muito interessante e disse:

O grande dilema do criador, é ser criticado por tudo e por todos
Que mesmo com todos os tudo deste mundo, conseguem fazer
Um simples quase!


Depois de ouvir aqueles palavras, tive uma crise de choro, coloquei minha cabeça entre os joelhos e com minhas mãos tapando meu rosto disse ao velhinho, me desculpe por chorar , é que eu estou muito triste neste momento e...

Quando olhei o homem não estava mais por lá...já era tarde e a praça estava fazia...um vento gostoso e fresquinho açoitava lentamente as folhas das árvores..., o entardecer se anunciava assim como o trililar do meu Bip informando chegada de mensagem de texto que dizia:

Não deu pra fazer depósito -terá que esperar mais 2 dias!

Pode?