Porque um Blog?

Alguns amigos me perguntam sobre o que estou escrevendo no momento?
Escrevi durante algum tempo para o Jornal do Estado (Curitiba/Paraná), para alguns Jornais e Revistas Técnicos escrevia matérias tambem técnicas ( Seguro em Foco foi um deles).
Mas o que estou escrevendo no momento são crônicas, se é que posso rotula-las com este título!.
Na verdade um pouco de verdade e um pouco de fantasia sobre a verdade.
O Livro está praticamente pronto, daí: No Prelo!.

Vou postar aqui algumas dessas pequenas estórias e conto com a compreensão dos amigos, sobre meus erros e lapsos ( que não são poucos).

Bem sei que de boas intenções, está ladrilhada a estrada que leva ao inferno, contudo...Como quem está na chuva pretende se molhar.

Adoraria receber de algum amigo uma toalha bem felpuda.

Rodolpho.




quinta-feira, 30 de outubro de 2008

3 - Analista de Processos.

Analista de processos.

Senhor Analista de processos.

Conforme meu relatório já de seu conhecimento, informei que o nosso segurança enviado ao local, onde a loja foi furtada, chegou ainda na madrugada e encontrou o prédio arrombado e na seqüência, posteriormente, comunicou o fato a seus superiores e tomou as demais medidas e providências cabíveis que o caso exigia.

Independente das informações que fiz constantes do meu relatório, fiquei muito surpreso quando hoje recebi vosso e-mail questionando ( em suas palavras) “ Não consegui compreender o fato ! Peço informar de forma clara e objetiva, se quando o segurança chegou no local, os bandidos ainda lá estavam ?”.

Assim , acredito que se faz necessário responder:

Os bandidos que furtaram a loja, infelizmente não estavam mais no local, fato este que deixou o nosso segurança muito preocupado, abalado e desiludido , posto que pretendia ele, passar-lhes um verdadeiro sabonete, censura-los e proferir uma palestra educativa , sobre o ato e fato, sórdido e vil.

Tenho para mim que ele tenha até percorrido as imediações ainda na madrugada gritando: “Bandidos...Bandidos... Ei Vocês ainda estão aí?, Eu preciso falar com vocês ! Bandidos...Bandidos...”, mas pelo jeito a busca não teve resultado positivo , quem sabe fossem eles bandidos surdos!

Na verdade tenho cá minhas conjecturas sobre esses bandidos, acho que alem de profissionais da gazua e do pé de cabra e amigos do alheio, são ainda uns SEM EDUCAÇÃO, pois sequer um telefone de contato, ou mesmo um bilhetinho deixaram para o segurança, e que esta falta, ao meu ver, é tão significativa quanto o delito que cometeram.

Me permito ainda complementar , que este não é o primeiro caso que acontece desta forma, e que acredito, possa se tratar de uma quadrilha, ou o mesmo elemento, que deve estar praticando vários outros delitos por este Brasil afora, sempre com a mesma rotina : Não deixa telefone, recado, endereço...pelo que, alem de mau educado , deve ser ainda mau letrado, ou até mesmo analfabeto. (coitado).

Não pretendendo me alongar e fazendo cumprir a solicitação do senhor que dizia: De forma Clara e Objetiva...respondo:

O Bandido não estava mais no local , - Se evadiu – Escafedeu-se – Deu no Pira – Zarpou fora – Se mandou – Picou a mula – Sartou de banda – Azulou – Saiu de cena – Voou pra longe - - Teletransportou-se- Esvaiu-se feito fumaça, Záz ao raio que o parta , e ainda por cima foi embora.

Com destino a não sei onde , e como diziam os causídicos de antigamente: Indo parar em lugar incerto e não sabido, - muito possivelmente na Puta que o Pariu, que deve ser lá nos Quintos dos Infernos, local muito próximo de sua cidade natal prezado senhor Analista de Processos, e portanto, tenho certeza, o senhor deve saber muito bem onde fica, e sendo assim, peço-lhe a gentileza ( sem querer sobrecarregar seus muitos afazeres), de encontrar o referido bandido, e transmitir a ele estas minhas observações.

Atenciosamente...eu.

Pode?

domingo, 26 de outubro de 2008

2 - Noite Longa.

Noite longa.

O Alencar, não era um amiguinho que a minha mãe, ou ainda, as mães de outros amiguinhos meus aprovassem, ele matava aulas, dizia palavrões o tempo todo, era bringuento, mal arrumado , sujo, e com certeza, não era classificado pelo batalhão das mães de perto da nossa casa, como um bom exemplo, pois até tatu do nariz ele comia, sem qualquer preocupação se estivessem ou não olhando...enfim, ele era um desastre de criatura, ou seja um abominável..
A minha mãe era muito exigente, e para eu sair de casa nem que fosse pra fazer xixi, tinha que pedir permissão, dizer onde ia, o que pretendia fazer, com quem iria, quando retornaria, e mais um carretel de questionamentos que só de pensar, eu desistia do intento e então deixava pra lá.
Um dia , eu brincando em frente ao portão da minha casa, despreocupado e entretido em carregar meu caminhão basculante com terra, para descarregar numa construção imaginária, onde eu era o motorista, engenheiro, pedreiro e tudo o mais, o Alencar passou e parou na gente do portão e me convidou para que fossemos brincar de bola em um campinho nas vizinhanças, e eu lhe disse, que iria perguntar para a minha mãe se ela deixava eu ir, mas já fui adiantando que possivelmente ela não deixasse, e ele então falou
- Então não pergunte a ela e quando voltarmos você diz que foi e se ela disser “ Não” daí não vai adiantar mais nada!
Eu analisei o que ele disse, e após algum tempo, andando de lá pra cá, com os braços cruzados, em atitude de pessoa que está pensando...cheguei a brilhante conclusão de que o Alencar , era um garoto mais inteligente e esperto do que todo mundo imaginava, pois ele tinha em poucas palavras sintetizado a resposta a todas as angústias que eu e alguns dos nossos coleginhas tínhamos em nossas almas., e gritando meu brado de guerra com o punho fechado olhando para o céu , disse: Iahhhh, de alegria, e saí correndo com ele rumo ao dito campinho, e claro, sem avisar a minha mãe.
Ao final da tarde, quando já estava começando a escurecer, voltávamos para casa, num grupo ainda maior, formado por outros também “Espertos” , que foram por nós escalados e arrebanhados quando da ida, sob a mesma ótica (depois é só dizer que foi...), porem um a um, conforme nos aproximávamos de cada casa, eles eram arrastados para dentro , muitos puxados pela orelha, pelas calças, pelos cabelos, aos gritos e ralhações das suas mães evidentemente desesperadas com seus filhos desobedientes, e muitas delas possessas, com olhos vermelhos esbugalhados, cabelos em pé, rugindo aos berros como dragões cuspindo fogo pelas ventas.
- XIII, será que minha mãe vai brigar comigo? – perguntei eu.
- Sei lá! A minha não vai porque eu avisei ! disse o canalha.
- Pôxa Alencar, porque você não me avisou ? gritei com ele.
- Não tenho que avisar nada pra você...você não é a minha mãe, oras!.
Foi uma noite longa....muito longa e dolorida.

Pode?