Porque um Blog?

Alguns amigos me perguntam sobre o que estou escrevendo no momento?
Escrevi durante algum tempo para o Jornal do Estado (Curitiba/Paraná), para alguns Jornais e Revistas Técnicos escrevia matérias tambem técnicas ( Seguro em Foco foi um deles).
Mas o que estou escrevendo no momento são crônicas, se é que posso rotula-las com este título!.
Na verdade um pouco de verdade e um pouco de fantasia sobre a verdade.
O Livro está praticamente pronto, daí: No Prelo!.

Vou postar aqui algumas dessas pequenas estórias e conto com a compreensão dos amigos, sobre meus erros e lapsos ( que não são poucos).

Bem sei que de boas intenções, está ladrilhada a estrada que leva ao inferno, contudo...Como quem está na chuva pretende se molhar.

Adoraria receber de algum amigo uma toalha bem felpuda.

Rodolpho.




segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

22 Burquinhas

Burquinhas.


- E o senhor então vai se preparando porque amanhã de madrugada chega a sua Tia Nenê e vai ficar aqui uns 3 dias pra fazer consulta no médico...então já sabe, ela fica no seu quarto e você vai pro quartinho dos fundos.

-Mas mãe...

-Não tem mais nem menos, é isso e vê se arruma um pouco essa bagunça...e a Ana Luiza vem com ela e você não vai me aprontar de novo.

-Vixi, faz mais de 3 anos que ela veio mãe, você não esquece nada né?.

-É isso mesmo, e a menina ficou traumatizada com a sua arte...onde já se viu amarrar a menina no pé da mesa o dia todo?....se aprontar de novo você vai ver só o que eu te faço... ah se vai!

E assim minha mãe saiu batendo porta.

A Ana Luiza é que era uma peste, onde já se viu , achou minha lata de leite ninho onde eu guardava minhas burquinhas (bolinhas de gude), e não é que ela pintou com esmalte vermelho uns olhinhos e boquinha sorridente em cada bolinha?...até no meu Batatão premiado?.

O meu álbum de figurinhas da copa de 70 ela colocou chifre e bigode em cada jogador, e ainda enfeitou os campos de futebol com florzinhas coloridas, sol brilhante e até cachorrinhos ela colocou, não era justo e merecia um castigo a altura, não estou certo?

Agora mais essa, o terror estava voltando, de imediato eu comecei a procurar lugar para esconder as minhas coisas, debaixo do assoalho, em cima do forro, em cima do telhado, na casa de coleginhas que moravam nas proximidades, afinal, tesouro é tesouro.

De madrugada eu ainda dormindo só ouvi a minha mãe gritando.

- Zarpa já daqui que a sua tia chegou, xispa lá pro quartinho dos fundos, e nós vamos sair bem cedinho pra consulta dela, vou deixar café e tudo em cima da mesa, comporte-se senão vai levar uma piaba quando eu voltar.

Eu nem sei como foi que eu fui pro quartinho dos fundos, acho que meio zonzo de sono, arrastando meu cobertor de bandeira do Brasil (não largava dele por nada).

De manhã eu mal acordei e então lembrei que estava no quartinho dos fundos e voltei pro meu quarto pra procurar uma camiseta, foi quando eu me assustei com o que vi.

Ela estava deitada na minha cama dormindo, usava um shortinho branco com umas rendinhas, camiseta branca onde dava pra ver uns seinhos salientes e a pele dela era lisinha e toda cor de rosa, cabelos loiros tipo espiga de milho e tinha um não sei quê, que me deixou estranho e eu então pé ante pé passei por ela e abri a porta do guarda roupa, e então ela se mexeu e deu pra ver um pouquinho do seio dela...

Eu fiquei maluco e assustado e bati a porta do guarda roupa e saí correndo com a minha camiseta na mão e então ela acordou.

- Oi, não vai me dar oi não?

- Oi , tô com pressa, café ta na mesa.

- Espera um pouco, quero te ver

- Eu já volto, vai tomando café que ta na mesa, eu já volto.

Eu saí rapidinho e fui dar ração por cachorro, lavar o rosto e esconder alguma coisa em mim que crescia e me fazia passar vergonha as vezes na escola, a minha professora (dona Lúcia, já falei que fui apaixonado por ela?) me disse dia desses que eu estava ficando mocinho e que naturalmente aprenderia a lidar com isso.

Só pra prevenir pequei uma jaqueta e amarrei na cintura e cobri o local...vai que volta de novo ? , ficou meio esquisito mas melhor do que sem nada e pra disfarçar coloquei um chapéu velho do meu pai.

- Credo ! disse ela ( estava sentada á mesa do café) , onde você vai com esse modelito?

. Brincar de fazendeiro, só isso.

- É mesmo?, e pra que o fantasma? ( apontava pra baixo em mim) .

Quando eu olhei a coisa já tinha acontecido... ele (voce sabe quem) tinha ficado de novo erguido e a jaqueta ido junto, eu fiquei vermelho, azul, branco, bati na jaqueta e baixei a armação e sentei imediatamente pra tomar o café.

- Desculpa..., ando tendo uns problemas aí...coisa de menino.

- Eu posso te ajudar... quer?

- ã ???

Á partir daquele café da manhã, minha vida nunca mais foi a mesma, e eu até esqueci o lugar onde eu havia escondido as minhas coisas, meus álbuns de figurinhas, meus bodoques, bilboquê, perdi quase tudo, mas o que mais me faz falta, e até hoje reclamo, foi haver perdido a minha inocência e ingenuidade, sem falar nas minhas burquinhas? Falei desde o começo que ela realmente era uma peste.

Pode?